domingo, 31 de outubro de 2010

Mesário -q

Acordar domingo de manhã já não é algo animador, ainda mais quando se trata de algo que você não gostaria de estar fazendo aquele horário do dia, e eu nem tinha opção de escolher não ir, afinal eu fui convocado para ser mesário. O começo da manhã foi um tanto quanto nostálgico, a sessão na qual eu trabalharia se localiza no colégio no qual eu me formei, e claro esse clima nostálgico foi ainda mais reforçado por eu estar completamente atrasado para o meu horário de chegada para a preparação do local de voto, isso me trouxe lembranças já que 70% das minhas aulas do ensino médio eu cheguei atrasado ( os outros 30% eu faltava) e com alguns minutos de atraso, sem fôlego, e com mais cara de sono que um urso que foi interrompido no meio do seu período de hibernação, consegui chegar e realizar os processos inicias a tempo.

Não consigo entender como eles ainda convocam (obrigam) as pessoas a trabalharem como mesários nas eleições, se os cofres públicos se dignam a pagar salário para suplentes de senadores (que cá entre nós, se fossem excluídos da esfera política não fariam falta nenhuma), por qual razão então não contratar pessoas, treiná-las e pagá-las devidamente para exercer um cargo tão importante quanto o de mesário? Ainda falando em pagamentos, isso é outra coisa me deixou confuso, o lema deles é “Senhores mesários vocês estão trabalhando para a Democracia”, e então só nos pagam o dinheiro do almoço, o que estão esperando então para começar a pagar só o dinheiro do almoço para presidentes, governadores, ou qualquer outra pessoa que exerça cargo público, afinal o que eles estão fazendo senão (pelo menos teoricamente) trabalhando para a democracia? Provavelmente se você for uma pessoa comum e lutar pelo fim dos salários dos políticos será ignorado, e se você for um político e fizer isso pode acabar mais furado que queijo suíço.

O dinheiro do almoço eu quase gastei todo de uma vez para matar a fome antes que ela me matasse, no entanto quando sai para comprar algo acabei me esquecendo de algo muito importante: que feriado no Brasil, até as igrejas fecham, ou seja, demorei para achar algum lugar descente para comer algo, só consegui achar uma lanchonete, que tinha duas atendentes simpáticas, até demais, que ficavam me encarando e sorrindo, (estranho) provavelmente devia ser por que eu ainda estava com o meu crachá escrito “presidente”, que era minha função na minha sessão, o que até me fez pensar num slogan na minha possível candidatura, “Sou Presidente, me mostre os seus dente”, é pior que meu slogan só o pastel que tive de comer, metade dele era só gordura, e a outra metade também, mas nada melhor para matar a fome a curto prazo do que muita fritura (mas isso acaba com sua vida a longo prazo).

O que ajudou a suportar tudo isso é que as pessoas que estavam trabalhando comigo eram ótimas, isso ajudou o tempo a passar mais rápido, e até aprendi a fazer um novo origami no meu tempo livre, e todos estavam ali assim como eu contando os segundos para ir embora, e eis que finalmente deu cinco da tarde e pudemos encerrar tudo, e exatamente as 17:01 chegou uma ultima pessoa para votar, mas já havíamos começado a desligar tudo. Moral da história: eu sim posso me atrasar para os procedimentos iniciais da votação, mas ninguém pode se atrasar para os procedimentos finais :P

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Igual-Desigual

Eu desconfiava:
todas as histórias em quadrinho são iguais.
Todos os filmes norte-americanos são iguais.
Todos os filmes de todos os países são iguais.
Todos os best-sellers são iguais.
Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol são
iguais.
Todos os partidos políticos
são iguais.
Todas as mulheres que andam na moda
são iguais.
Todas as experiências de sexo
são iguais.
Todos os sonetos, gazéis, virelais, sextinas e rondós são iguais
e todos, todos
os poemas em versos livres são enfadonhamente iguais.

Todas as guerras do mundo são iguais.
Todas as fomes são iguais.
Todos os amores, iguais iguais iguais.
Iguais todos os rompimentos.
A morte é igualíssima.
Todas as criações da natureza são iguais.
Todas as ações, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais.
Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem, bicho ou
coisa.
Não é igual a nada.
Todo ser humano é um estranho
ímpar.

Carlos Drummond de Andrade